Início Elton Alves Tavares Câmara rejeita uso do fundo de saneamento para instalação de usina solar

Câmara rejeita uso do fundo de saneamento para instalação de usina solar

667

Representantes de diversos setores e cidadãos em geral compareceram à reunião

Os vereadores de São Lourenço rejeitou, na sessão ordinária desta segunda-feira (16/10), o projeto de lei que autoriza a utilização do FEIOS (Fundo Especial de Investimento em Obras de Saneamento) para a construção de uma usina solar para o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). De acordo com a Prefeitura, que enviou a proposta ao Poder Legislativo, os recursos somam R$ 4.320.847,41, com rendimento atual anual de R$ 311.435,40. O Poder Executivo havia solicitado a retirada da matéria da pauta, o que porém fora do prazo estipulado no Regimento Interno da Câmara.

O projeto 3218/2023 ficou prejudicado após a aprovação por unanimidade do parecer contrário da Comissão de Legislação, Justiça e Redação Final. O presidente/relator Waldinei Alves Ferreira e os membros João Bosco de Carvalho (CIDADANIA) e Marcelo Ribeiro de Oliveira (PL) entenderam que a matéria é inconstitucional, justificando que o texto transgride o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ao violar o Marco Legal do Saneamento Básico, o qual prevê o acesso à coleta e tratamento de esgoto para 90% da população brasileira até 2033. Atualmente, São Lourenço não possui o serviço.

O texto também havia recebido parecer contrário da Comissão de Saneamento, Meio Ambiente e Águas. Marcelo Ribeiro de Oliveira (PL) – presidente/relator, Gustavo Luiz Rodrigues Brasília Ribeiro (AVANTE) e Elton Tavares (PODEMOS) ressaltaram que o projeto não apresenta medidas que garantam a implantação do tratamento de esgoto em São Lourenço.

O projeto ainda havia sido analisado e rejeitado pela Comissão de Finanças e Orçamento, por dois votos a um. O presidente/relator William Rogério de Souza (SOLIDARIEDADE) emitiu parecer contrário ao texto, com apoio de Elton Tavares, “por ausência de apresentação de medidas financeiras a amparar investimentos em obras que visem à universalização do tratamento de esgoto”. O membro João Ricardo Bolzoni Ilha (PTB) entendeu pela aprovação da matéria, desde que se acatasse uma emenda aditiva estabelecendo o prazo de 54 meses para o SAAE  comprovar  gastos em obras área, incluído a construção da ETE, no montante do valor utilizado para a aquisição da usina de energia fotovoltaica, sob pena de devolução dos recursos ao FEIOS.

A Lei 2513/2001, que criou o fundo, especifica que ele deve ser aplicado em programas, projetos e serviços na área de tratamento de esgotos para a aquisição de equipamentos, construção de unidade de elevação, financiamentos e amortização de empréstimos. O projeto apresentado aos vereadores alterava a legislação atual, acrescentando o inciso V ao artigo 5⁰, com a seguinte redação: “instalação de sistema de geração de energia solar por meio de tecnologia fotovoltaica exclusivamente em benefício do SAAE”.

Tramitação e discussão

O projeto foi lido e entrou em tramitação no dia 11 de julho. De acordo com o Poder Executivo, a aquisição do sistema representaria uma economia de 82%, com período de retorno do investimento em 5,7 anos, tendo como base o valor gasto com energia elétrica em 2022: R$ 1,8 milhão. Ainda segundo a Prefeitura, a construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) foi orçada em R$ 32 milhões. Na justificativa, a Administração Municipal afirmou que está buscando a captação do valor junto aos Governos Estadual e Federal, pois as obras exigem um montante superior ao disponível no FEIOS.

O prazo para os vereadores apreciarem o projeto, que é de 45 dias após a data de leitura do mesmo em sessão ordinária, ficou com a contagem paralisada, pois informações foram solicitadas à Prefeitura por meio de um requerimento da Comissão de Finanças e Orçamento. Alguns questionamentos foram em relação à possibilidade técnica de reverter a economia obtida com a instalação da usina solar no abatimento das tarifas de água e esgoto cobradas pelo SAAE, à cobertura dos painéis fotovoltaicos e ao detalhamento dos recursos já utilizados do FEIOS desde a sua criação.

Participação popular

Após a solicitação de diversos setores da sociedade, a Câmara promoveu uma audiência pública sobre a matéria no dia 26 de setembro. Representantes de ONGS, biólogos, engenheiros, integrantes do Comitê da Bacia Hidrográfico do Rio Verde, entre outras pessoas, tiveram cinco minutos cada para opinar e fazer considerações. Os cidadãos que utilizaram o microfone e se manifestaram contra a medida justificaram que o FEIOS deve ser utilizado para a construção da ETE. As falas estão na íntegra no vídeo de gravação do evento, disponível na página do Facebook da Casa Legislativa.